
UNITA condiciona participação nas celebrações dos 50 anos da independência de Angola
No Dia da Paz em Angola, a UNITA — principal partido da oposição — anunciou que só participará nas comemorações do cinquentenário da independência se o Governo reconhecer oficialmente Holden Roberto e Jonas Savimbi como pais da independência e heróis nacionais, ao lado de Agostinho Neto.
A exigência foi feita através de um comunicado divulgado neste 4 de abril, data em que o país celebra o 23º aniversário do Dia da Paz e Reconciliação Nacional. Para a UNITA, deixar de reconhecer a contribuição histórica de Holden Roberto, fundador da FNLA, e Jonas Savimbi, fundador da própria UNITA, é “um atentado à verdade histórica” de Angola.
Ambos os líderes, juntamente com Agostinho Neto, foram signatários do Acordo de Alvor, celebrado com o então Governo colonial português em 1975 — um marco decisivo para a independência do país.
Críticas à exclusão de figuras históricas
As críticas da UNITA ganham força em meio às homenagens programadas pelo presidente João Lourenço, que prevê condecorar cerca de 247 personalidades ligadas à história política, social, cultural e desportiva de Angola. Nos bastidores da sociedade civil e da política nacional, cresce o questionamento pela ausência dos nomes de Holden Roberto e Jonas Savimbi entre os homenageados.
O partido oposicionista manifestou ainda “repúdio e indignação” pelo que considera ser uma exclusão motivada por razões político-ideológicas, mesmo em uma data dedicada à paz e à reconciliação entre os angolanos.
Angola enfrenta retrocessos, alerta UNITA
A UNITA aproveitou o momento para apelar à população que continue lutando pelos seus direitos fundamentais e por uma reconciliação nacional efetiva. No entanto, o partido também aponta que, passados 50 anos da independência e 23 anos de paz, Angola vive uma profunda crise política, social, económica e de justiça.
Segundo a nota, o país enfrenta retrocessos preocupantes em matéria de Estado democrático de direito, perseguição a opositores, desigualdade no tratamento por parte das instituições públicas e restrições à liberdade de imprensa.
Rejeição à participação nas festividades
Por fim, a UNITA deixou claro que não participará das comemorações festivas do cinquentenário da independência previstas para 11 de abril de 2025. O partido considera que não há motivo para celebração enquanto “milhares de angolanos continuam a morrer de fome e de doenças evitáveis, como a cólera”, e enquanto crianças lutam por alimentos nos contentores de lixo.