
Ex-Presidente alemão alerta para avanço da extrema-direita e faz críticas ao partido AfD
Durante a cerimónia que marcou os 80 anos da libertação do campo de concentração nazi de Buchenwald, realizada este domingo (06.04) na Alemanha, o antigo Presidente alemão Christian Wulff deixou um forte apelo à defesa da democracia e condenou o crescimento da extrema-direita no país.
Na sua intervenção, Wulff alertou para o atual cenário político global, marcado por “radicalização e brutalização”, e disse que este contexto o faz compreender melhor como foi possível o surgimento do nazismo no passado.
“Temos uma responsabilidade permanente e inegociável com a memória das vítimas do Holocausto, para garantir que o mal nunca mais prevaleça”, frisou o ex-chefe de Estado (2010-2012).
Wulff não poupou críticas ao partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), alertando que quem desvaloriza o discurso desta força política “ignora o ambiente de medo e insegurança” que as suas ideias estão a gerar no país.
Memória e responsabilidade histórica
Na cerimónia, realizada em Weimar e que contou com sobreviventes do Holocausto, o governador do estado da Turíngia, Mario Voigt, destacou que o campo de Buchenwald simboliza “um local de desumanização sistemática” e de destruição da dignidade humana.
Voigt recordou ainda que o ataque do grupo Hamas contra Israel, em outubro de 2023, revela que “o desejo de exterminar os judeus infelizmente ainda não é apenas uma memória do passado”.
Durante a preparação do evento, um episódio polémico ocorreu quando as autoridades israelitas se opuseram ao discurso do filósofo Omri Boehm — neto de um sobrevivente do Holocausto e crítico do governo de Israel — levando os organizadores a cancelarem a sua participação.
O campo de concentração de Buchenwald, fundado em 1937, no atual estado da Turíngia, no leste alemão, foi palco de horrores indescritíveis. Dos 280 mil prisioneiros que passaram pelo local e campos satélites, mais de 56 mil foram assassinados ou morreram vítimas de fome, doenças ou experiências médicas, até à sua libertação pelas tropas norte-americanas, em 11 de abril de 1945.