
Uganda e Estados Unidos debatem crise no leste da República Democrática do Congo
O presidente de Uganda, Yoweri Museveni, reuniu-se nesta segunda-feira com o conselheiro especial para África do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Massad Boulos. O encontro teve como foco principal a situação de segurança no leste da República Democrática do Congo (RDC), além de possíveis investimentos norte-americanos na região.
Em publicação nas redes sociais, Museveni afirmou que a conversa abordou “a segurança regional, especialmente no leste da RDC”, além de oportunidades de negócios para empresas dos Estados Unidos em solo ugandês.
A crise no leste congolês se intensificou desde o início do ano, com a atuação do grupo rebelde M23, que ocupou importantes cidades como Goma e Bukavu — localizadas em regiões estratégicas e ricas em recursos minerais, como ouro e coltan, essenciais para a indústria de tecnologia.
Esforços Diplomáticos e Econômicos
Durante sua visita, Boulos destacou o compromisso dos EUA em colaborar com parceiros africanos para encontrar soluções pacíficas para o conflito. Ele também enfatizou que Washington busca apoiar o desenvolvimento econômico da região, mas ressalvou que a segurança é essencial para atrair investimentos.
A viagem de Massad Boulos faz parte de um giro diplomático pela África, que já incluiu reuniões com os presidentes da RDC e do Quênia. No Quênia, o conselheiro americano discutiu o fortalecimento das relações bilaterais, abrangendo áreas como comércio, segurança alimentar e estabilidade regional.
Na RDC, Boulos e o presidente congolês, Félix Tshisekedi, conversaram sobre projetos que podem atrair bilhões de dólares em investimentos no setor de mineração, considerado estratégico para o país.
Conflito Humanitário
A escalada da violência no leste da RDC já provocou o deslocamento de cerca de 1,2 milhão de pessoas, segundo dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM). O número de mortos ultrapassa 8.500 desde o início dos confrontos mais recentes, de acordo com autoridades locais.
O grupo rebelde M23, formado majoritariamente por tutsis vítimas do genocídio de Ruanda em 1994, retomou suas atividades em 2021 e tem avançado em várias frentes, aumentando os temores de um possível conflito regional de grandes proporções.
Desde o final da década de 1990, o leste da RDC enfrenta uma instabilidade crônica, marcada pela presença de milícias armadas e combates constantes, apesar dos esforços de pacificação liderados pela ONU.