
Mais de 17% dos moçambicanos entre 40 e 69 anos enfrentam alto risco cardiovascular
Doenças crónicas ganham terreno em Moçambique e preocupam autoridades de saúde
11 de abril de 2025
As autoridades de saúde moçambicanas estão alarmadas com o crescimento contínuo de casos e mortes provocados por doenças crónicas não transmissíveis (DCNT), conforme os resultados do Inquérito Nacional sobre Prevalência e Fatores de Risco (InCRÓNICA 2024), apresentados recentemente em Maputo.
Segundo os dados divulgados, a hipertensão afeta cerca de 31,6% dos adultos moçambicanos — ou seja, aproximadamente um em cada três. O estudo também identificou que 4,1% dos adultos vivem com diabetes, enquanto 15,7% apresentam níveis elevados de colesterol, sendo este último problema mais comum entre mulheres.
Durante a cerimônia de apresentação dos resultados, o secretário permanente do Ministério da Saúde (MISAU), Ivan Matsinhe, chamou atenção para a rápida escalada da obesidade no país: a taxa duplicou em menos de duas décadas, passando de 7,5% em 2005 para 13,8% em 2024. “Estamos a assistir a um aumento preocupante nos fatores de risco ligados às doenças cardiovasculares”, alertou.
O inquérito também revelou que o sedentarismo disparou de 6,5% para 14,3%, com maior impacto sobre a população feminina. O consumo de bebidas alcoólicas subiu expressivamente, passando de 5,4% para 25,3%. Já 17,3% dos adultos entre os 40 e 69 anos apresentam um risco cardiovascular combinado superior a 20%, o que significa uma elevada probabilidade de morte em dez anos.
Matsinhe salientou ainda que as doenças crónicas já são responsáveis por quase metade das ocorrências nos serviços de urgência e reanimação nas principais cidades do país, incluindo Maputo, Beira e Nampula.
Inácio Alvarengo, representante da Organização Mundial da Saúde (OMS) em Moçambique, reforçou a importância do estudo para orientar políticas públicas e estratégias sanitárias mais eficazes, ajustadas à realidade do país. Segundo ele, o InCRÓNICA 2024 representa a primeira etapa de um ciclo de cinco anos, que prevê a realização de mais dois inquéritos até 2028.