
Ex-guerrilheiros da RENAMO denunciam fraude nas pensões de desmobilização em Moçambique
Em Moçambique, ex-guerrilheiros da RENAMO, desmobilizados no processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR), alegam ter sido vítimas de fraude no pagamento das suas pensões. De acordo com uma carta pública divulgada na quinta-feira (03.04), o grupo afirma que cada desmobilizado deveria ter recebido cerca de 2,4 milhões de meticais por ano (aproximadamente 35 mil euros) durante o primeiro ano após a desmobilização. No entanto, o representante do grupo, Vitorino Caravela, afirmou à DW que, ao invés disso, os desmobilizados receberam apenas 1500 meticais.
A RENAMO rejeita as acusações. André Magibire, chefe do Grupo de Diálogo sobre Assuntos Militares da RENAMO, explicou que não foi acordado com os desmobilizados o valor mencionado. Segundo ele, os combatentes receberam um kit básico durante a desmobilização, e ao longo de um ano, os valores pagos variaram conforme o posto de cada indivíduo. Um general, por exemplo, recebeu cerca de 69 mil meticais mensais, enquanto um soldado recebeu 6 mil meticais.
Vitorino Caravela, no entanto, refuta esses valores, alegando que a União Europeia, em Cabo Delgado, teria informado aos desmobilizados que receberiam 250 mil meticais por mês. Ele acusa o presidente da RENAMO, Ossufo Momade, de ser o responsável pelo desvio do restante do montante acordado.
Magibire, por sua vez, afirma que não há registros de qualquer promessa de pagamento de 250 mil meticais mensais e questiona a viabilidade de desvio de recursos destinados à RENAMO ou ao Estado, considerando o envolvimento da comunidade internacional nos pagamentos. Ele sugere que as acusações visam manipular a opinião pública com objetivos obscuros.
Vitorino Caravela esclareceu que o objetivo do grupo não é retornar à guerra, mas sim pressionar as autoridades para que o caso seja tratado com seriedade, e que a situação seja resolvida adequadamente.